O jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem que denuncia: 6,8 milhões de testes de covid-19 podem ir parar no lixo. Isso porque o prazo de validade está prestes a expirar e os testes ainda não foram reados pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) aos estados e aos municípios. A testagem é um instrumento fundamental de controle da pandemia, conforme orientações de autoridades sanitárias, especialistas e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os 6,8 milhões de exames RT-PCR, o mais efetivo para controle da situação pandêmica, estão armazenados em Guarulhos (SP) e vencem entre dezembro e janeiro. Como tem feito ao longo de toda a pandemia, o governo alega que a responsabilidade não é sua: diz que cabe aos estados e aos municípios requerem os testes. O problema é que, como o Sintrajufe/RS já informou ainda em julho, o governo federal não está disponibilizando insumos necessários à realização dos testes, o que torna os exames sem função. O Brasil tem tido, nos últimos dias, cerca de 30 mil novos casos confirmados a cada 24 horas, com a pandemia em expansão. Já são quase 170 mil brasileiros e brasileiras mortos pelo novo coronavírus, um número que não para de crescer dia a dia, alimentado pelo descaso e pelas políticas governamentais que abandonaram a população à própria sorte. A subnotificação, apontada como um problema grave no Brasil desde o início da pandemia, segue como um entrave à identificação da verdadeira situação do vírus no país. E essa subnotificação é alimentada justamente pelo fracasso e pelo descaso do governo no enfrentamento à crise sanitária.
Conforme a reportagem d™O Estado de S. Paulo, o governo pode acabar descartando mais testes do que já realizou pelo SUSforam feitos, até o momento, apenas 5 milhões de testes. O Ministério da Saúde investiu R$ 764,5 milhões em testes e as unidades que estão quase perdendo a validade custaram R$ 290 milhões. A solução que Bolsonaro tenta emplacar é ampliar o prazo de validade dos testeso fabricante já foi contatado para verificação dessa possibilidade. Ou seja, o fornecimento dos insumos aos estados e municípios e a efetiva aplicação de uma política de testagem ampla não parecem estar em vista.