Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira, 11, mostra a cor como fator relevante na diferenciação do rendimento mensal médio das trabalhadoras e dos trabalhadores no país em 2021. O levantamento mostra que os brancos ganham R$ 3.099 em média, valor 75,7% maior do que o registrado entre os pretos, que é de R$ 1.764. Também supera em 70,8% a renda média de R$ 1.814 das trabalhadoras e dos trabalhadores pardos.
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Intitulado Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil , o estudo faz um cruzamento de dados extraídos de mais 12 pesquisas do próprio IBGE e está em sua segunda edição. A primeira, divulgada em 2019, foi mais enxuta e não abrangia indicadores sobre mercado de trabalho e distribuição de rendimento, por exemplo. De acordo com o IBGE, as desigualdades raciais são importantes vetores de análise das desigualdades sociais no Brasil, ao revelar no tempo e no espaço a maior vulnerabilidade socioeconômica das populações de cor ou raça preta, parda e indígena .
No Brasil, a pobreza tem cor. Os dados mostram que 18,6% dos brancos estão abaixo da linha da pobreza, isto é, vivem com menos de US$ 5,50 por dia conforme uma das classificações do Banco Mundial. O percentual praticamente dobra entre pretos (34,5%) e pardos (38,4%). Os brancos também foram menos afetados pelo desemprego. Para eles, a taxa de desocupação em 2021 foi de 11,3%; para pretos, 16,5% e, para a população parda, 16,2%.
Apenas os brancos ficam abaixo do índice nacional de 40,1% que estão na informalidade. Segundo o IBGE, a informalidade no mercado de trabalho está associada, muitas vezes, ao trabalho precário e à ausência de proteção social e envolve trabalhadores que podem enfrentar dificuldades para o a direitos básicos, como a aposentadoria e a garantia de remuneração igual ou superior ao salário mínimo.
O estudo mostra que, mesmo entre pessoas com nível superior completo, a distância é significativa. O rendimento médio por hora dos brancos, nesse grupo, foi cerca de 50% maior que o dos pretos e cerca de 40% superior que o dos pardos. Embora representem 53,8% dos trabalhadores do país, pretos e pardos ocuparam, em 2021, apenas 29,5% dos cargos gerenciais.
Outros indicadores 3ka5o
O estudo traz ainda informações atualizadas sobre patrimônio, educação, violência, representação política e ambiente político dos municípios. De acordo com o IBGE, há um o desigual dos diferentes grupos populacionais a bens e serviços básicos necessários ao bem-estar, como saúde, ensino, moradia, trabalho e renda.
Foi constatado que nos domicílios de pessoas brancas há maior presença de praticamente todos os bens duráveis analisados: geladeira, televisão, máquina de lavar, forno, micro-ondas, automóvel, computador, ar-condicionado, tablet e freezer. A única exceção foram as motocicletas, que aparecem com maior frequência em domicílios de pessoas pardas. No campo, entre os proprietários de terras com mais de 10 mil hectares, 79,1% se declaram brancos, 17,4% pardos e apenas 1,6% eram pretos.
O estudo também apresenta um recorte das vítimas de homicídio no país em 2020. Entre as pessoas pardas, registra-se a maior taxa, com 34,1 mortes por 100 mil. Na população preta, esse índice é de 21,9 mortes, enquanto entre os brancos é de 11,5.
Na educação superior, o IBGE encontrou diferentes realidades conforme o curso. Na Pedagogia, por exemplo, pretos e pardos representavam 47,8% dos alunos matriculados em 2020. Na Enfermagem, eles eram 43,7%. Por outro lado, no curso de Medicina, representavam apenas 25%.
Dados de representação política nas eleições municipais de 2020 também foram incluídos no levantamento. Entre os candidatos a prefeito que realizaram campanhas com arrecadação superior a R$ 1 milhão, 67,5% eram brancos.
Fonte: Agência Brasil