SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT 48562h

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Federação de servidores públicos dos EUA denuncia risco de contratação de “um número sem precedentes de comparsas políticos” com medidas de Trump 5f1t22

Nesta semana, os servidores públicos federais dos Estados Unidos receberam um e-mail convidando-os a se demitirem em troca de mais alguns meses de salário. O novo governo, de Donald Trump, tem a expectativa de que até 10% deles aceitem a proposta, e ameaça com a possibilidade de que parte dos demais sejam demitidos nos próximos meses, sem as mesmas condições.

Em seus primeiros dias de volta à Presidência, Trump determinou aos ministérios e agências que congelassem parte dos gastos de assistência, como bolsas, empréstimos e ajuda de emergência em caso de desastres naturais. Na terça-feira, o Medicaid, o seguro de saúde para os americanos mais pobres, ficou inível em vários estados, impedindo que hospitais e médicos recebessem os pagamentos pelos serviços prestados. O e-mail recebido pelos funcionários públicos entra na mesma esteira de desmonte dos serviços.

E-mail com rascunho da carta de demissão 2c3s2

O foco da mensagem são os servidores e servidoras que hoje trabalham de forma remota, modalidade que foi expandida no governo de Joe Biden e que recebeu grande adesão. Na mensagem, a istração lembra que foram publicadas diretrizes relacionadas aos servidores, incluindo a proibição do trabalho remoto, o fim da “discriminação positiva” no recrutamento, maior foco no desempenho e prováveis planos de reestruturação para reduzir o número de funcionários. Também informa que “a maioria das agências federais será reduzida por meio de reestruturações, realinhamentos e cortes de pessoal”, em ações que devem incluir “dispensas temporárias e a reclassificação para status de emprego temporário para um número substancial de funcionários federais”.

É oferecida, então, a chance de que o servidor se demita até 6 de fevereiro e, assim, receba salário até 30 de setembro, seguindo trabalhando de forma remota até essa data e, seja, então, desligado. O e-mail inclui um rascunho da carta de demissão. No texto, é destacado que, “neste momento, não podemos lhe dar garantia total sobre a certeza de sua posição ou agência”.

Além do plano de demissões voluntárias e dos cortes orçamentários, há outras medidas em implementação que visam reduzir a força de trabalho no serviço público. Entre elas, a revogação de proteções contra demissões e a criação de um departamento que intervirá nas agências para propor cortes na força de trabalho. Também estão anunciados cortes nos orçamentos de Saúde e Previdência e o fim de uma política de redução de custos de medicamentos.

Na última segunda-feira, 27, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos demitiu mais de uma dúzia de funcionários que trabalharam em processos criminais contra Trump. A decisão foi tomada mesmo considerando que, tradicionalmente, os promotores comuns permanecem no departamento durante as istrações presidenciais e não são punidos em virtude de seu envolvimento em investigações delicadas.

“Causará caos”, mais “comparsas políticos” e “necessidades básicas em risco”, dizem sindicatos 1q2b5z

Os sindicatos reagiram com preocupação e prometeram mobilizações contra as medidas. Nessa terça-feira, 28, a Federação Americana de Empregados do Governo (AFGE) divulgou comunicado denunciando que o objetivo de Trump é transformar o funcionalismo público em um ambiente “tóxico” para os trabalhadores e que “expulsar do governo funcionários públicos dedicados trará vastas consequências inesperadas e causará caos para os americanos que dependem de um governo federal funcional”.

A Federação Americana do Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), que reúne sindicatos que representam 15 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, disse que Trump “está preparando o terreno para expulsar centenas de milhares de americanos trabalhadores que fazem nosso governo realmente funcionar e substituí-los por políticos leais que farão o que ele quer”. Esses funcionários que serão demitidos, alerta a Federação, são os que “cuidam de nossos veteranos nos centros de Assuntos de Veteranos, garantem que nossas famílias recebam seus cheques de aposentadoria e invalidez da Previdência Social, protegem nossos aeroportos e ageiros, inspecionam nossa comida para garantir que seja segura para comer e ajudam sobreviventes de desastres — como as enchentes da Carolina do Norte ou os incêndios na Califórnia — a obter o apoio de que precisam para reconstruir. 85% deles vivem fora da capital do nosso país, em cidades e vilas em todos os estados do país. Os funcionários federais são nossos colegas de trabalho, amigos e vizinhos”.

Já a Federação Americana de Funcionários Estaduais, Municipais e de Condado (AFSCME), apontou que as políticas de Trump “minam a voz dos trabalhadores do serviço público no trabalho e os próprios princípios do serviço público que foram estabelecidos por mais de um século para manter a política fora do serviço público” e que “colocar a segurança do emprego de trabalhadores do serviço público não partidários e dedicados nas mãos de bilionários e extremistas antissindicais é inaceitável”. Disse, ainda, que as políticas podem tornar “mais fácil para a istração instalar um número sem precedentes de comparsas políticos na força de trabalho federal”.

Com informações da AFL-CIO, AFSCME, Bloomberg, jornal O Globo, portal Metrópoles e O Estado de São Paulo

Foto: AFGE/Flickr