SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT 48562h

LIBERDADE DE VOTO 1y6p5k

Empresária da soja que disse para demitir sem dó trabalhador que vota em Lula terá que se retratar; estabilidade no setor público serve justamente para coibir perseguições polí­ticas 6b2u55

A empresária Roseli Vitória Martelli D’Agostini Lins, sócia da empresa baiana Imbuia Agropecuária LTDA, que produz soja, divulgou recentemente um ví­deo nas redes sociais estimulando outros empresários a demitirem trabalhadores e trabalhadoras que forem votar no ex-presidente Lula (PT) nas eleições de outubro. Agora, a ruralista assinou um termo de ajuste de conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e terá de se retratar, reconhecendo que errou ao praticar assédio eleitoral.

O caso da empresária repercutiu nas redes sociais nas últimas semanas. Em seus perfis, ela publicou o ví­deo no qual é clara: Eu queria falar algo para os nossos agricultores: façam um levantamento, quem vai votar no Lula e demitam. Demitam sem dó . E foi além: Nós, agricultores, temos que tomar posição. E não venham me dizer ˜ah, não, tem que [respeitar] o direito™. Não é direito, é questão de sobrevivência .

Com o TAC assinado com o Ministério Público, ela se comprometeu a divulgar ainda nesta semana, em suas redes sociais, ví­deo em que se retrata e esclarece que assediar trabalhadores é uma prática ilegal. A tí­tulo de dano moral coletivo, ela também concordou em custear campanha em emissoras de rádio da região oeste da Bahia e na capital do estado reforçando a liberdade do voto e a ilegalidade de qualquer atitude de empregadores no sentido de coagir trabalhadores a votar ou deixar de votar em candidatos em qualquer processo eleitoral. Os spots serão veiculados a partir da próxima semana até as vésperas da eleição. Em caso de descumprimento das obrigações, podem ser cobradas multas de R$ 20 mil por cada item descumprido e a cada descumprimento constatado.

Reforma istrativa de Bolsonaro ameaça estabilidade de atuais e futuros e facilita pressões 5b4927

O caso alerta para a importância da estabilidade para os trabalhadores e trabalhadoras. No caso dos servidores públicos, a reforma istrativa (PEC 32/2020) que Jair Bolsonaro (PL) vem tentando aprovar acaba com a estabilidade e abre as portas para que esse tipo de perseguição polí­tica chegue também ao setor público.

Sem a estabilidade os servidores estarão sujeitos às pressões dos governantes do momento e das chefias inclusive para levar a cabo práticas questionáveis ou condenáveis, além da possibilidade de pressões polí­ticas como a defendida pela empresária. Com a PEC 32, o fim da estabilidade atinge atuais e futuros servidores. No artigo 41, o texto apresenta cinco possibilidades de perda do cargo por servidor ou servidora concursados: extinção do cargo (única que não vale para os atuais); extrapolação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); processo istrativo; avaliação de desempenho; e processo judicial (perda do cargo após decisão judicial proferida por órgão judicial colegiado, sem necessidade de transitar em julgado).

Para tentar driblar a resistência dos atuais servidores, o governo colocou (em caso de aprovação) a regulamentação da avaliação de desempenho para uma segunda etapa. O fato é que a contratação de servidores temporários por até 10 anos, segundo a proposta, deixaria servidores estáveis em condição de minoria e suscetí­veis a uma normatização pouco transparente.


Se a gente ganhar a eleição, pode ter reforma tributária e istrativa juntas até o fim do ano , diz Guedes 25w4r

Se reeleito, Bolsonaro e seu principal ministro, Paulo Guedes, já deixaram claro que a PEC 32 será uma das prioridades imediatas. Durante um na última semana, Guedes não deixou dúvidas: Se a gente ganhar a eleição, pode ter reforma tributária e istrativa juntas até o fim do ano . Foi a repetição do que tanto o ministro quanto Bolsonaro já vêm destacando em diversas declarações. A verdade é que o governo nunca desistiu da reforma istrativa, mas percebeu que ela não seria aprovada nas proximidades das eleições e em meio à pressão de servidores e servidoras sobre os e as parlamentares.

PEC só não foi votada na Câmara por conta da pressão do servidores 2v1n66

Em 2021, o Sintrajufe/RS, outros sindicatos de servidores das três esferas e centrais sindicais impulsionaram uma campanha com atos públicos, panfletagens e ações de mí­dia para denunciar os efeitos para os servidores e para a população da reforma apresentada por Bolsonaro. A luta se desenvolveu nos estados, e em Brasí­lia, com a pressão sendo intensificada mês a mês. Foram muitas semanas nas quais o Sintrajufe/RS enviou delegações à capital federal para participar dos atos, ações no aeroporto e conversas nos corredores e gabinetes do Congresso. A vitória sobre a PEC 32 foi construí­da com muita luta.