Os rodoviários da Companhia Carris Porto-alegrense iniciaram uma greve, na manhã desta segunda-feira, 2, em protesto contra o leilão de privatização da empresa marcado pela gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) para a tarde desta segunda. Após um mês de tentativas de negociação com a Prefeitura e a atual direção da Carris, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Porto Alegre (STETPOA), ligado à UGT, deflagrou a greve.
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Conforme acordo firmado pelo Sindicato na sexta-feira (29) junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), que estabeleceu um regramento para a greve, os trabalhadores deverão manter em funcionamento um percentual mínimo de 60% dos ônibus. Melo quer entregar para a iniciativa privada todos os bens e ações da empresa ” o que inclui ônibus e terrenos das garagens “, bem como conceder a operação de suas linhas ” responsáveis por 22% do sistema da capital ” por um período de 20 anos.
Para o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, a tentativa de privatização da Carris é mais um capítulo da política entreguista de Melo, que tem retirado direitos de trabalhadores e da população, e promovido concessões de espaços públicos, como o Parque da Harmonia, para agradar os grandes empresários de Porto Alegre e financiadores de campanha eleitoral . O dirigente sindical destaca que nos últimos anos a Prefeitura tem injetado valiosos recursos públicos nas empresas privadas de transporte coletivo, sob a alegação de evitar aumentos da tarifa, e agora tenta vender a Carris para favorecer ainda mais a iniciativa privada.
O diretor do Sintrajufe/RS Fabrício Loguércio esteve presente na mobilização dos trabalhadores da Carris na tarde desta segunda.


Empresa centenária 6p2l4g
Fundada em 1872, a Carris começou na época a operar uma linha de bonde entre o Centro e o Meninos Deus, ainda puxado a mulas. Em 1908, colocou em circulação o primeiro bonde elétrico da cidade. Os primeiros ônibus da empresa começariam a circular em 1929.
Em 1952, em razão da precarização do serviço e da gestão da empresa estadunidense Bond & Share, inicia-se um processo de intervenção, que culminaria com a encampação no ano seguinte. Em 1970, encerrou a circulação dos bondes elétricos.
As linhas mais conhecidas da Carris, as linhas Ts, transversais, começaram a circular em 1976, no período de implantação de corredores de ônibus da Capital. Às linhas Ts, de 1 a 4, somou-se no ano seguinte a Campus Ipiranga, que liga o Centro ao Campus do Vale da Ufrgs. Durante os governos do PT na Prefeitura, ocorreu a expansão das linhas de cinco para dez, a criação da T1 Direta e da Linha Turismo. Em 2006, foi criada a T11 e, em 2016, a linha T12.
Em SP, greve será na terça, contra privatizações, incluindo o metrô 6nc2i
Enquanto isso, em São Paulo, os trabalhadores e as trabalhadoras estão em luta contra a sanha privatista do governador Tarcísio de Freitas (REP). Estão na mira das privatizações a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM), o Metrô e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Os funcionários dessas empresas realizarão um dia de greve nesta terça para denunciar a situação. O governo de São Paulo pretende conceder todas as linhas de trens da TM e do Metrô para a iniciativa privada até 2026, e a Sabesp, até 2024.