SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT 48562h

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Dezenove meses de um governo que desrespeita muito mais do que mulheres, negros e negras, indí­genas e LGBTs 3o6z48

Jair Bolsonaro nunca escondeu sua faceta misógina e machista nem sua aversão a LGBTs ou seu desprezo por negras/os ou pela população indí­gena. Na verdade, muito antes da eleição para a Presidência da República, fez fama justamente combatendo a luta desses segmentos sociais. Sua grosseria explí­cita foi levada para dentro do Palácio do Planalto e hoje, como pudemos ver e ouvir na gravação da reunião ministerial divulgada semana ada, faz escola, tornando-se o tom de ministros nos encontros de trabalho . Nesses encontros, como podemos deduzir, está liberado o uso de palavrões e é normal dizer odeio o termo povos indí­genas e tratar servidoras e servidores públicos como inimigos e vagabundos .

Para esses segmentos, usando o que entende ser tática de guerra , o governo Bolsonaro infiltra seus quadros mais fiéis, plantando inimigos nas nossas trincheiras, sem entender que se o paí­s não for para todos, não será para ninguém.

Foi exatamente o que fez ao transformar a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria de Mulheres no Ministério da Mulher, da Famí­lia e dos Direitos Humanos. Colocou no seu comando uma pastora fundamentalista, que prega que a vida deve ser baseada no Velho Testamento e utiliza essas ideias para dirigir as polí­ticas voltadas para LGBTs, mulheres e outros grupos sociais, desprezando o feminismo e defendendo que os papéis de gênerotão prejudiciais a meninos e meninasdevem ser reforçados.

Na Fundação Palmares, foi nomeado um homem preto. Mas foi escolhido um que, acreditando na meritocracia, e duvidando dos heróis negros deste paí­s, não fará absolutamente mais nenhuma titulação de território quilombola e tentará, custe o que custar, destruir tudo o que foi construí­do dentro daquele importante instrumento de luta, negando toda a trajetória do povo negro no Brasil.

No Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), responsável pela titulação de terras da reforma agrária, tudo foi organizado para o favorecimento dos grileiros e o desrespeito à produção orgânica e à pequena propriedade. A área da agricultura está sob a batuta de uma engenheira agrônoma ligada ao agronegócio que liberou quase 400 tipos de venenos, muitos proibidos em quase todos os paí­ses mundo, no perí­odo de um ano.

No Meio Ambiente, temos o ministro que defende que a pandemia do novo coronaví­rus deva ser usada para ar a boiada . Ou seja, quer aproveitar-se de que as atenções estão voltadas para a crise sanitária que levou à morte mais de 26 mil brasileiras e brasileiros para desregulamentar a proteção ambiental, abrindo ainda mais espaço para a exploração indiscriminada das florestas, do solo e das terras indí­genas.

O presidente da Funai faz o oposto do que seria sua função: milita contra a causa indigenista e trabalha para colocar todos os empecilhos possí­veis à demarcação das terras indí­genas e ao auxí­lio nas aldeias. Tanto que a Procuradoria-Geral da República pediu seu afastamento.

A lista se estende por dezenas de outros órgãos e pastas, sem contar a profusão de militares nos três primeiros escalões do governo federal, tudo para destruir e deixar de cumprir a função para a qual esses órgãos foram criados. É a mais severa investida institucional contra as polí­ticas conquistadas ao longo de mais de 30 anos, contra a Constituição e contra a democracia.

Bolsonaro e seus asseclas no governo prejudicam e desrespeitam muito mais do que mulheres, negros e negras, indí­genas e LGBTs. Hoje, quando sua visão de mundo é desafiada pelas regras de isolamento social impostas pela pandemia, esse grupo desrespeita a vida de toda a população e coloca servidoras e servidores públicos de todos os ramos, entre eles médicas/os, enfermeiros/as e os todos que estão na linha de frente de combate à covid-19, como principal alvo de sua sanha destruidora. Por trás disso, interesses econômicos privatistas de grandes corporações que estão de olho no patrimônio que construí­mos e que, para isso, apostam na construção de um mundo que aprofunda diferenças econômicas e sociais e privilegia o pensamento único.