O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou a diligência de uma oficiala de justiça, no cumprimento de seu dever, ao que faziam os “tribunais de Hitler” nas perseguições aos judeus. O fato ocorreu nessa quarta-feira, 23, quando a servidora entregou uma intimação ao ex-presidente no hospital onde ele está internado, em Brasília. Ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. A entrega foi gravada por apoiadores de Bolsonaro, e a servidora vem sendo atacada nas redes sociais. Por meio de nota, o STF afirma que a participação do ex-presidente em uma live, no dia 22 de abril, “demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado”.
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Horas depois da intimação, o perfil do ex-presidente em uma rede social divulgou um vídeo no qual, ao longo de 11 minutos, Bolsonaro, grita, constrange a oficiala, fazendo-lhe perguntas retóricas, e ataca o STF. A servidora explica que estava de plantão e em cumprimento de determinação judicial. Momentos depois, Bolsonaro afirma: “o pessoal lá dos tribunais do Hitler também cumpria missão: botar os judeus na câmara de gás. Todos pagaram seu preço um dia; não vai ser diferente no Brasil”.
Apoiadores do ex-presidente afirmam que a intimação, quando ele está na UTI de um hospital, é um gesto “desumano” e “covarde”. De acordo com o artigo 244 do Código de Processo Civil, uma pessoa doente só não pode ser citada se estiver em estado grave. Como, mesmo internado em um hospital, Bolsonaro vem mantendo presença vívida e constante nas redes sociais, além de ter participado de uma live na terça-feira, 22, o entendimento do STF é de que não se enquadra nesse caso.
Entidades, como a Associação Nacional dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Fenassojaf), divulgaram notas repudiando a gravação e divulgação do vídeo, com repúdio a qualquer tipo de constrangimento e intimidação contra a servidora.
Recorrentes ataques à Justiça Eleitoral e seus servidores e servidoras 3c5l59
Vale lembrar que, durante seu mandato, Bolsonaro promoveu reiterados ataques à Justiça Eleitoral e a seus servidores e servidoras. Por conta disso, o Sintrajufe/RS ingressou com duas ações judiciais. A primeira, em 2021, solicitava que Bolsonaro se abstivesse de divulgar ou fomentar conteúdos que sugerissem fraudes nas eleições organizadas pela Justiça Eleitoral, além de pagamento de indenização de R$ 1 milhão.
A segunda ação, de 2022, teve por base uma reunião de Bolsonaro com diplomatas de vários países, ocorrida em julho de 2021. Na ocasião, o então presidente voltou a falar sobre fraudes no sistema eleitoral e nas urnas eletrônicas, sem apresentar qualquer prova.
O Sintrajufe/RS reafirma sua posição em defesa dos servidores e servidoras e do serviço público. Repudiamos qualquer ataque e tentativas de constrangimento e intimidação dirigidos a esses trabalhadores e trabalhadoras no exercício de suas funções.
Com informações de UOL e G1
